Mulher que denunciou urologista por assédio detalhou toques íntimos em troca de mensagem e investigado disse não recordar
A mulher que denunciou um médico urologista por assédio, em Salvador, relatou os toques íntimos que sofreu, durante a troca de mensagens com o investigado. Na mesma conversa, ele disse "não se recordar destes detalhes". O caso é investigado pela Polícia Civil. Os envolvidos serão ouvidos e as provas serão coletadas.
A mulher é, originalmente, paciente de uma ginecologista, que é filha do suspeito. Ela fez cirurgia para o tratamento de uma endometriose com a médica, que a recomendou que procurasse o urologista, porque a doença pode afetar a bexiga e o intestino. Após a primeira consulta com o urologista, ele deu à paciente o contato dele. Dias após este atendimento, ela entrou em contato com o médico, porque estava com sintomas de infecção urinária, e então marcou um retorno. Foi nesta consulta, que ela relata que o assédio aconteceu.
Com base no boletim de ocorrência, a paciente disse que o médico então mandou que ela tirasse toda a roupa e colocasse um avental. Depois de deitar na maca, ele então teria começado a "importunação de cunho sexual".
O documento detalha que o médico acariciou a vagina e os seios da paciente, e manipulou o clitóris dela "como se a estivesse masturbando". Além disso, ele também teria introduzido um dedo na vagina dela. Esses toques teriam acontecido por cerca de 15 minutos. Na troca de mensagens com o urologista, a paciente confrontou o médico e disse que se sentiu assediada. Ela também questionou a ele a necessidade da manipulação dos seis, já que ela estava com quadro de cistite – um quadro de infecção na bexiga.
O médico respondeu que "não conseguiu dormir" porque ficou "preocupado" com a situação, e que percebeu uma retração na mama dela. A paciente então segue questionando a ele sobre comentários após os toques. Assim como no boletim de ocorrência, na mensagem ela faz os mesmos relatos: de que o urologista teria comentado sobre a lubrificação dela, e que ela tem um "axé", uma "luz". No documento policial, a paciente também narra que o médico tentou beijá-la na boca, e ela virou o rosto.
Depois do desvio, ele teria dito ainda que daria alta médica à paciente, porque gostaria de se relacionar com ela. De volta à troca de mensagens, a mulher afirmou que se sentiu prejudicada com as ações e o urologista respondeu que não se recordava e "que não fez nada com intenção de ser desrespeitoso".
Casos na Bahia
Entre 2018 e 2022, o Cremeb instaurou 14 sindicâncias para investigar denúncias de assédio sexual. Desse total, uma ainda está sendo apurada, cinco foram arquivadas por falta de provas e oito resultaram em processos ético-profissionais para apuração de infração ética.
Nesse período, dois médicos tiveram o exercício profissional cassado, mas continuam atuando porque entraram com recurso no Conselho Federal de Medicina. A violência sexual é só um dos tipos de crimes praticados contra a mulher.
Pelos registros de ocorrências policiais na Bahia, nos anos de 2020 e 2021, o crime de ameaça está no topo das denúncias, seguido de lesão corporal dolosa, injúria, estupro, tentativa de homicídio, importunação sexual e feminicídio.
Os boletins de ocorrências mostram queda no número de denúncias da maioria desses crimes entre 2020 e 2021. Apenas importunação sexual registrou discreto aumento.

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